“Meu S. Supriano
Meu S. Suprianinho Meu feiticeiro Meu feiticeirinho No mar andastes, Onze virges encontrastes, Com ellas fallastes, Comestes, e bubestes; Vossa sorte botastes, Milhor a tirastes: Dizei-me agora a minha P’ra saber se casarei.” Livro de S. Cypriano |
“Alguidar alguidar
que feito foste ao lũar debaixo das sete estrelas com cospinhos de donzelas te mandei eu amassar. Ó cospinhos preciosos de beiços tam preciosos dai ora prazer a quem vos bem quer e dai boas fadas nas encruzilhadas.” Feiticeira Genebra Pereira, Auto das Fadas, Gil Vicente |
“As Bruxas andam nos pinhaes a bater as palmas, a dançar e a dar grandes gargalhadas. As Bruxas andam nas encruzilhadas e ao pé dos rios, e entram nas espadadas de linho.
Da meia-noite para a uma hora, as Bruxas untam-se em casa com azeite zimbre, e vão para as encruzilhadas, onde fazem um sino saimão, dentro do qual se mettem. D’ahi é que partem para as differentes partes a fazer desacatos (…) Antes de partirem exclamam: Por cima de silvaes, E por baixo de olivaes.” Tradições Populares de Portugal J. Leite de Vasconcellos |
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O que é o Xamanismo?
O xamanismo é uma antiga tradição de cura e, para além disso, um modo de vida. É uma maneira de nos conectarmos com a natureza e com toda a criação. A palavra xamã é originária da tribo Tungus na Sibéria. Antropólogos cunharam este termo e usaram-no para se referir aos líderes espirituais e cerimoniais entre as culturas indígenas em todo o mundo. A palavra xamanismo pode ser usada para descrever as antigas práticas espirituais dessas culturas indígenas. Claramente, as inúmeras semelhanças entre várias tradições antigas desempenharam um papel na generalização contínua da palavra.
Nas últimas décadas, o termo “xamanismo” foi popularizado em todo o mundo ocidental, especialmente nos círculos da nova era. Hoje, pode ser difícil distinguir entre formas tradicionais de xamanismo e práticas modernizadas, muitas vezes esotéricas, que utilizam o termo.
Pode-se ver o xamanismo como a sabedoria espiritual universal inerente a todas as tribos indígenas. Como todas as práticas espirituais antigas estão enraizadas na natureza, o xamanismo é o método pelo qual nós, como seres humanos, podemos fortalecer essa conexão natural.
O que é então o Xamanismo Ibérico?
A cosmovisão xamânica ibérica encontrou expressão não apenas em rituais, mas também em celebrações folclóricas.
Danças, canções, rituais populares e procissões religiosas... Encenações dos velhos caminhos? Que tipo de símbolos desempenham que tipo de papéis nessas representações?...
Entre o reconstrucionismo das divindades ibéricas e dos seus cultos, a recolha de ferramentas e práticas psico-mágicas populares e a experiência directa de cada vivência cerimonial, vamos re(a)cordando os fragmentos da alma antiga do xamanismo da Península Ibérica.
O que é a Bruxaria?
A etimologia da palavra é incerta, mas acredita-se venha do italiano brucia(queima), que vem do verbo bruciare (queimar) ou de brixtia, que vem do nome da deusa gaulesa Bricta. Outros indícios indicam que a palavra bruxa nasce na Era Antiga na Península Ibérica e que a sua origem seria anterior à invasão romana e por consequência anterior ao próprio latim.
Bruxaria ou feitiçaria significa, de uma forma geral, a prática e a crença em capacidades e habilidades mágicas que podem ser exercidas por indivíduos e certos grupos sociais. A bruxaria é um conceito complexo que varia tanto cultural como socialmente, sendo por isso difícil definir com precisão o que é, pelo que as hipóteses interculturais sobre o significado do termo devem ser aplicadas com cautela. A bruxaria ocupa frequentemente um papel religioso, divinatório ou medicinal, e está frequentemente presente em sociedades e grupos cuja estrutura cultural inclui uma visão mágica do mundo.
E o que é então a Bruxaria Tradicional Portuguesa?
Este termo abrange uma ampla variedade de práticas mágicas unidas apenas pelo facto de serem as práticas mágicas do povo comum, nas aldeias e vilarejos de todo o país, principalmente no interior de Portugal. É um tipo de magia popular encontrada ainda hoje nas crenças, rezas e ladainhas das nossas mães, avós e bisavós. O conhecimento das plantas medicinais e mágicas, as qualidades das águas e a observação criteriosa da Natureza fazem parte deste campo.
A Bruxaria Tradicional Portuguesa é geralmente de natureza prática, destinada a tratar dos males comuns da comunidade: curar os doentes, trazer amor ou sorte, afastar as forças do mal, encontrar itens perdidos, trazer boas colheitas, conceder fertilidade, ler presságios e assim por diante.
Os rituais são geralmente relativamente simples e muitas vezes mudam ou são adaptados em função das estações. Os materiais utilizados são comummente disponíveis: plantas, moedas, pregos, madeira, cascas de ovos, lã, pedras, animais, penas, etc.
É importante referir que esta forma de Bruxaria Tradicional ou Popular era encarada como uma grande mais valia sendo que os magos ou magas populares não se autodenominavam bruxos/bruxas e eram membros valiosos e queridos da comunidade.
Até há algumas décadas atrás no Portugal profundo não se fazia distinção entre magia, fitoterapia e medicina. Se você estivesse doente, poderia receber algumas ervas e ser instruído para as consumir, pendurá-las na porta ou colocá-las debaixo da cama. Estas directrizes não seriam vistas como sendo de natureza diferente, mas sim como igualmente medicinal e mágica.
Eu fui criada com a minha mãe e avó materna a fazer rezas, ladaínhas, responsos para todo o tipo de assuntos, com fitas atadas nas pernas das cadeiras e troncos enrolados atrás da porta. Gratidão mãe e avó. Que vos possa honrar.
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Pode ler mais sobre o assunto aqui:
The Question of European Shamanism
https://owlcation.com/social-sciences/The-Question-of-European-Shamanism
Shamanism and European Pre-History
https://northernearth.wordpress.com/index/shamanism-and-european-pre-history/
Iberian paintings are Europe's oldest cave art, uranium-series dating study confirms
https://phys.org/news/2012-06-iberian-europe-oldest-cave-art.html
Is Witchcraft Shamanism?
http://www.patheos.com/blogs/awordtothewitch/2014/08/06/witchcraft-and-shamanism/
https://muse.jhu.edu/article/236471
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